terça-feira, 18 de maio de 2010

Apenas duas

Voltei pro mundo real que me consome..

Voltei pra ele matar minha fome..

Voltei pra mim, inconstante e insone..

Voltei pro tudo que nem sei o nome.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ssa . ba . br

Em casa.

Na casa que não é mais minha e que ao mesmo tempo sempre será.

No quarto modificado pela ausência mas que ainda guarda detalhes marcantes da minha antiga vida ali.

Em ruas familiares. Caminhos tortos. Passagens de tempo.

Sempre será assim?

Pouco paciente, critico cada movimento que ela faz no trânsito. Mas permito que ela brinque comigo como se eu fosse sua boneca de porcelana.

Ela pinta minha unhas para que fiquem iguais as dela. Me presenteia com uma medalha dos seus santos sempre repelidos para sua grande tristeza e decepção. Cedo aos apelos. Faço agrados. E durante quatro dias, levo sua religião no pescoço.

Mas conitnuo intolerante e pouco paciente. Cheguei assim.

Não consigo parar de pensar, por mais que queira, na vida fria londe daqui.

Penso nos problemas de trabalho e na reunião que me aguarda na sexta-feira; em como preciso organizar meu quarto; na festa que gostaria de dar na nova casa; nas contas para pagar; na viagem programada para o próximo mês; em quem deixei; em quem está por lá...

Penso demais. E forço o sono para conseguir descansar do peso de frases, listas e resoluções que não me deixam. Ainda não encontrei minha receita para o não pensar.

Procuro o mar. Procuro amigos. Procuro dendê. Procuro relaxar.

Procuro escrever um texto bonito relatando meu retorno à cidade que adoro, mas só consigo escrever esse monte de idéias soltas e tortas. Não fico satisfeita.

Se pudesse, deletaria tudo e começaria de novo. Mas não sinto que conseguiria retratar bem tudo o que sinto nesse momento. Às vezes é assim. As palavras me frustam... estou chata.

Quero sol. E sal.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sempre ele

A sala continua sem móveis, as caixas continuam ocupando espaço no quarto e eu continuo tentando arrumar a vida.

Organizo mentalmente todas as pendências em planilhas imaginárias que no segundo seguinte desaparecem com a mínima intenção de transferência para um papel.

Me perco, me acho, desisto, insisto, aproximo e me afasto. Sinto e observo. Sento e digito. Deito e me canso. Sonho e desperto.

Escrevo bobagens. Invento uma cartilha. Refaço o manual. Faço graça, faço manha, faço angústias, faço tempo.

Misturo esse tempo. Às vezes me escondo, fujo e evito que ele passe por mim. Outras vezes o persigo loucamente como se da sua captura dependesse minha vida.

Não me entendo. Só entendo que sinto tudo e mais um tempo.

domingo, 2 de maio de 2010

Como a seleção de 82...

Não tenho nenhuma relação com futebol. Não sou torcedora, não entendo, acompanho ou me interesso pelo tema.

Quando criança me irritava quando meu pai ficava hipnotizado na frente da TV assistindo a algum jogo (qualquer um) e não me dava atenção, não brincava comigo - mesmo que fosse de jogar bola. E ainda fazia piada dizendo que nasci num sábado e atrapalhei o "baba" dele.

Fui uma única vez na Fonte Nova, assistir ao clássico Ba-Vi, levada por uma amiga de escola e o pai dela, tricolor. Ficamos na arquibancada especial, de frente para a Bamor. Durante o jogo fiquei fascinada pela torcida organizar azul, vermelha e branca e virei simpatizante do Bahia. Sei cantar o hino e tenho uma camisa. Mas não tenho idéia em que divisão o time se encontra, ou qual a escalação que o fez ganhar o campeonato brasileiro (uma ou duas vezes?).

Acho realmente fascinante e incompreensível essa paixão louca e irracional que algumas pessoas, principalmente os homens, têm por times de futebol. Mas acho bonito de ver, confesso.

Em SP parece que tudo é mais potencializado ainda, talvez pelo orgulho dos times grandes, com grana e grandes craques, ou pelo simples fato de que aqui tudo tem que ser melhor do que nos outros lugares. Mas também acho bem assustadora a forma frequentemente violenta que os torcedores paulistanos usam para extravasar suas emoções.

No trabalho, preciso pelo menos ter uma noção dos jogos do fim de semana, campeonatos e resultados. Mas só noção, que representa o máximo de relação que me permiti ter com o esporte nos últimos anos.

De pouco tempo pra cá tenho ouvido falar muito sobre jogadores, times clássicos, grandes jogadas, momentos antológicos, partidas disputadas e xingamentos entre torcedores. E volto a ser criança, entediada com esse universo que não me permite concentrar a atenção tão desejada, pelo menos durante 90 minutos. Mas é só birra de menina mimada, carente e insegura.

No fundo, e não deveria confessar aqui, me divirto com tanta paixão, tanto conhecimento representado por datas precisas, listas, nomes e até manias que vêm à tona quando 22 jogadores (é isso mesmo?) entram em campo.

E nunca pensei que ouviria metáforas futebolísticas tão perfeitas que desmontariam qualquer preconceito que eu pudesse ter com o fantástico mundo do futebol.