Não tenho nenhuma relação com futebol. Não sou torcedora, não entendo, acompanho ou me interesso pelo tema.
Quando criança me irritava quando meu pai ficava hipnotizado na frente da TV assistindo a algum jogo (qualquer um) e não me dava atenção, não brincava comigo - mesmo que fosse de jogar bola. E ainda fazia piada dizendo que nasci num sábado e atrapalhei o "baba" dele.
Fui uma única vez na Fonte Nova, assistir ao clássico Ba-Vi, levada por uma amiga de escola e o pai dela, tricolor. Ficamos na arquibancada especial, de frente para a Bamor. Durante o jogo fiquei fascinada pela torcida organizar azul, vermelha e branca e virei simpatizante do Bahia. Sei cantar o hino e tenho uma camisa. Mas não tenho idéia em que divisão o time se encontra, ou qual a escalação que o fez ganhar o campeonato brasileiro (uma ou duas vezes?).
Acho realmente fascinante e incompreensível essa paixão louca e irracional que algumas pessoas, principalmente os homens, têm por times de futebol. Mas acho bonito de ver, confesso.
Em SP parece que tudo é mais potencializado ainda, talvez pelo orgulho dos times grandes, com grana e grandes craques, ou pelo simples fato de que aqui tudo tem que ser melhor do que nos outros lugares. Mas também acho bem assustadora a forma frequentemente violenta que os torcedores paulistanos usam para extravasar suas emoções.
No trabalho, preciso pelo menos ter uma noção dos jogos do fim de semana, campeonatos e resultados. Mas só noção, que representa o máximo de relação que me permiti ter com o esporte nos últimos anos.
De pouco tempo pra cá tenho ouvido falar muito sobre jogadores, times clássicos, grandes jogadas, momentos antológicos, partidas disputadas e xingamentos entre torcedores. E volto a ser criança, entediada com esse universo que não me permite concentrar a atenção tão desejada, pelo menos durante 90 minutos. Mas é só birra de menina mimada, carente e insegura.
No fundo, e não deveria confessar aqui, me divirto com tanta paixão, tanto conhecimento representado por datas precisas, listas, nomes e até manias que vêm à tona quando 22 jogadores (é isso mesmo?) entram em campo.
E nunca pensei que ouviria metáforas futebolísticas tão perfeitas que desmontariam qualquer preconceito que eu pudesse ter com o fantástico mundo do futebol.